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Um conceito ainda em (trans)formação

A economia criativa é muito mais do que uma expressão da moda. Ela representa uma abordagem “ainda inovadora” para impulsionar setores criativos e culturais e tem se tornado uma verdadeira força motriz para a transformação dessas indústrias.

Não é apenas sobre dar asas à imaginação. É cada vez mais necessário equilibrar essa criatividade com uma gestão mais profissional.

Mas o que exatamente é a economia criativa? Vamos mergulhar nesse conceito e buscar uma abordagem mais atual para um tema que surgiu na década de 90 e até hoje não foi “cunhado em pedra“. E isso talvez seja bom.

Com o objetivo de encontrar um conceito mais contemporâneo da economia criativa, contamos com o “auxílio” da inteligência artificial.

Pedi ao Chat GPT que pesquisasse e elencasse os 10 livros mais importantes do mundo sobre o tema. A resposta logo veio com um aviso prévio: Devido à natureza específica do assunto, as opiniões podem ser subjetivas, pois, diferentes especialistas e leitores podem ter opiniões diferentes”.

Neste ponto vale uma pausa para destacar que essa é a verdadeira essência do trabalho humano quando associado a I.A: a curadoria é necessária.

Esse foi o resultado: uma lista com 10 livros considerados relevantes no campo da Economia Criativa. São eles:

  1. “The Economics of Cultural Policy” por David Throsby
  2. “The Creative Economy: How People Make Money from Ideas” por John Howkins
  3. “The Rise of the Creative Class” por Richard Florida
  4. “Cultural Economics” por Ruth Towse
  5. “The Death and Life of Great American Cities” por Jane Jacobs
  6. “Culture and Prosperity: The Truth About Markets – Why Some Nations Are Rich but Most Remain Poor” por John Kay
  7. “The Orange Economy: An Infinite Opportunity” por Felipe Buitrago Restrepo e Iván Duque Márquez
  8. “Creative Industries: Contracts Between Art and Commerce” por Richard E. Caves
  9. “Who Owns the Future?” por Jaron Lanier
  10. “The Art of Innovation: Lessons in Creativity from IDEO, America’s Leading Design Firm” por Tom Kelley e Jonathan Littman

Lembre-se de que a literatura sobre o tema está em constante evolução podendo haver novos/outros livros relevantes que foram publicados após a data de corte elencada pelo Chat GPT ou que sejam sugeridos por outras formas de pesquisa e mesmo outros prompts.

Levando em consideração que uma das bases da economia criativa é que ela é muito específica e intimamente ligada à identidade local, seu conceito e sua aplicação podem e devem variar de um país para outro ou mesmo de uma cidade para outra.

Dito isso, pedimos a I.A que elenque agora cinco livros relevantes sobre o tema no Brasil.

  1. “Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável” – Gilmar Mascarenhas de Jesus
  2. “Cultura e Economia Criativa” – Luiz de Campos Jr. e Cristiane Benfatti
  3. “Economia da Cultura e do Entretenimento” – David Barros de Oliveira
  4. “Economia da Cultura e Desenvolvimento: Perspectivas Internacionais” – Edson Leite e Priscila Aguiar
  5. “Políticas Culturais no Brasil” – Renato Ortiz

Agora vem a parte interessante. Com a ajuda da I.A (e o que ela faz melhor), pedimos que ela analisasse os 10 livros sugeridos, citasse as 10 ideias principais e o conceito central de economia criativa que de alguma forma eram comuns em todos os livros sugeridos e analisados.

E o resultado está logo abaixo:

1. Valorização da Criatividade: Todos os livros destacam a importância da criatividade como um recurso fundamental na economia criativa. A criatividade é vista como um motor de inovação e geração de valor econômico.

2. Diversidade Cultural: A valorização da diversidade cultural é uma ideia constante. Os livros ressaltam como a cultura diversificada é uma fonte de riqueza e inspiração para as indústrias criativas.

3. Integração entre Cultura e Economia: Todos os livros abordam a interseção entre cultura e economia, explorando como práticas culturais se transformam em ativos econômicos e influenciam as práticas comerciais.

4. Colaboração e Networking: A ideia de colaboração e networking entre profissionais criativos é mencionada em todos os livros. A troca de ideias e a cooperação são vistas como impulsionadoras da inovação.

5. Impacto nas Cidades e Comunidades: A relação entre economia criativa e desenvolvimento urbano é uma preocupação recorrente. Os livros discutem como a economia criativa pode revitalizar cidades e criar oportunidades locais.

6. Empreendedorismo Criativo: O empreendedorismo criativo é um tópico presente em todos os livros. Eles exploram como indivíduos criativos podem criar negócios inovadores e bem-sucedidos.

7. Globalização e Conexões Internacionais: A influência da globalização nas indústrias criativas é abordada em todos os livros. Eles exploram como as trocas culturais globais afetam a economia criativa.

8. Cultura e Identidade: A interação entre cultura, identidade e economia é um tema comum. Os livros exploram como a cultura influencia a formação de identidades individuais e coletivas.

9. Desafios e Oportunidades: Os livros discutem os desafios enfrentados na promoção da economia criativa, bem como as oportunidades que ela oferece para o crescimento econômico e a inovação.

10. Valorização do Patrimônio Cultural: A valorização do patrimônio cultural é uma ideia presente nos livros. Eles mostram como a preservação e promoção do patrimônio podem contribuir para a economia como um todo. A cultura é vista como um ativo econômico valioso, capaz de gerar valor.

No próximo passo, pedi ao Chat GPT para elaborar um conceito mais contemporâneo de economia criativa a partir de toda essa análsie e eis o resultado:

A Economia Criativa é frequentemente definida como um setor econômico baseado
na geração, produção e distribuição de bens e serviços que incorporam criatividade,
conhecimento e valor intangível.

Na verdade, todo esse esforço para gerar um novo conceito nos trouxe a um ponto sem muitas novidades. Merece destaque a palavra FREQUENTEMENTE. Isso demonstra, mais uma vez, que estamos tratando de um tema ainda em formação, sem uma definição unânime.

Mas a busca por um conceito mais atualizado continuou. E no passo seguinte, agora sem a ajuda da inteligência artificial, fui ouvir alguns podcasts sobre o assunto. E como todo “garimpo positivo”, me deparei com uma entrevista da Ana Carla Fonseca, da Garimpo de Soluções, que foi pioneira e é uma referência mundial no assunto.

Tive o prazer de conhecer a Ana Carla em 2014, quando a convidei para ministrar uma palestra em um evento pioneiro sobre o tema, onde fui idealizador, curador e produtor em Belo Horizonte: a Jornada Minas Criativa. Durante o evento e ainda mais apaixonado pelo tema, pedi a ela indicação de cursos sobre economia criativa e me indicou uma especialização na Argentina, na qual era uma das professoras e coordenadoras. Iniciei assim minha formação na área. O conceito trabalhado durante esse curso, mesmo 9 anos depois, continua evoluindo e a Ana Carla tem contribuido neste processo como veremos a seguir.

Para Ana Carla o conceito de valor agregado está bem fundamentado:

“Economia Criativa é um conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico.”

Essa definição enfatiza a importância do capital intelectual, cultural e criativo como recursos essenciais para a criação de negócios e a geração de valor econômico em diversos setores relacionados à cultura, arte, design, tecnologia e outras áreas criativas.

Mas ela vai mais além. Ana Carla Fonseca trabalha o conceito de valor percebido e valor compartilhado como parte de sua abordagem na Economia Criativa. Ela enfatiza a importância de entender como os elementos culturais, criativos e intangíveis podem influenciar a percepção de valor das pessoas e, ao mesmo tempo, como esses valores podem ser compartilhados para benefício mútuo.

Valor Percebido: Ana destaca que a Economia Criativa não se trata apenas de atribuir valor monetário a produtos e serviços, mas também de reconhecer o valor percebido pelas pessoas. Isso inclui o valor emocional, cultural e simbólico que as criações criativas podem ter para os indivíduos e para a sociedade em geral. Ela enfatiza que compreender como as pessoas percebem o valor das expressões culturais e criativas é essencial para promover o desenvolvimento desses setores.

Valor Compartilhado: Se refere à ideia de que as atividades e criações da Economia Criativa não apenas geram valor econômico para os produtores, mas também para a comunidade, a sociedade e o público em geral. Ela argumenta que a Economia Criativa tem o potencial de criar uma sinergia positiva em que o valor gerado é compartilhado entre os criadores, os consumidores e a sociedade em um contexto mais amplo. Esses valor gerado deve ser compartilhado de maneira justa e equilibrada entre a cadeia produtiva para que o processo seja sustentável.

Dessa forma, Ana Carla enfoca a importância de não apenas mensurar o valor econômico direto, mas também de considerar as dimensões culturais, emocionais e sociais que contribuem para a percepção de valor das pessoas, bem como a maneira como essa percepção de valor pode ser compartilhada de modo a beneficiar a sociedade como um todo.

Essa definição deve enfatizar a capacidade de transformar ativos intangíveis, como ideias, talentos e expressões culturais, em produtos, serviços e experiências que têm impacto tanto financeiro quanto cultural. A busca pelo conceito ideal não deve chegar ao fim tão cedo. E isso é bom.


Jota Tomás / Economista, Especialista em Gestão de Cidades e Empreendimentos Criativos.

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